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quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

AS BUSCAS HUMANAS (6) - A ORIGEM DA ÉTICA: O SENSO-COMUM


A pessoa descobre a origem dos valores éticos pela observação de como a pessoa gostaria que os outros se comportassem em relação a si. Os valores éticos são baseados na apreciação do senso-comum de como a pessoa gostaria de ser tratada.


Não quero que os outros sejam trapaceiros (nem por outro meio desagradável) com o propósito de afastar-me daquilo que quero; portanto não enganar torna-se um valor a observar relativamente aos outros mesmo quando eu persigo os meus fins. Os fins e os meios que eu quero (ou não quero) que os outros escolham por causa da forma que as suas escolhas me afectam estabelecem um padrão pelo qual eu julgo a propriedade dos objectivos e meios que escolho para mim - um padrão que tem em consideração o impacto das minhas escolhas sobre os outros. Tais valores incorporam a ética do senso-comum, que são reconhecidas e confirmadas escripturalmente numa doutrina ética mais compreensiva - de natureza religiosa - denominada dharma.


Extraído do livro Introduction to Vedanta, de Swami Dayananda Saraswati. Traduzido por Ricardo Viegas.

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

AS BUSCAS HUMANAS (5) - OS ANIMAIS NÃO PRECISAM DE ÉTICA


Para os animais não se levantam questões de ética. Eles têm pouca escolha não-programada sobre a acção. As acções controladas pelo instinto, que não estão sujeitas a escolha, não criam problemas éticos. A vaca não acresce mérito por ser vegetariana nem o tigre acresce demérito por comer a vaca.


Por outro lado, o ser humano com a sua capacidade de escolha tem de escolher primeiro o fim que pretende alcançar e de seguida os meios para conquistar esse fim. Particularmente nas sociedades ocidentais, exercitamos o nosso poder de escolha sobre os nossos fins, numa permuta infindável de variedade: na comida, roupa, estilo de vida, etc. "Á minha maneira!" apregoa esta individualidade. Também no ocidente, depois parece anexar-se um valor à escolha que é rotulado de "espontâneo", mas que é realmente impulsivo. É bom que existam tantos meios e fins diferentes para escolher; permite uma colagem colorida. No entanto, a escolha impulsiva, ou a escolha dos meios simplesmente porque são fáceis e convenientes, podem resultar no atropelamento do nosso semelhante, destruindo a sua segurança e causando-lhe sofrimento.


Extraído de Introduction to Vedanta, de Swami Dayananda Saraswati. Traduzido por Ricardo Viegas

AS BUSCAS HUMANAS (4) - A ESCOLHA HUMANA REQUER PADRÕES ESPECIAIS


Porque a luta por segurança, artha, e pelos prazeres, káma, não é instintivamente controlada mas antes guiada por valores pessoais variáveis, torna-se necessário para a sociedade humana ter um conjunto de padrões que seja independente de quaisquer valores subjectivos individuais que determinem os seus gostos e desagrados.


Uma vez que eu tenho a faculdade de escolha, eu devo ter determinadas normas para controlar as minhas variadas acções, Karma. Não sendo pré-programado, para mim o fim não pode justificar os meios. Não somente o fim escolhido deve ser admissível, mas os meios para atingir esse fim devem também estar em conformidade com determinados valores. Este grupo especial de valores que controla a escolha individual para a acção é chamado de ética. A luta humana pela segurança e pelo prazer, artha and káma, devem de estar de acordo com uma escolha ética. Os padrões éticos conduzem a pessoa para o reconhecimento das necessidades dos seus semelhantes. Na escolha dos meios para alcançar aquilo que pretendo alcançar, também devo ter em consideração as necessidades dos meus semelhantes. Se estiver indiferente às suas necessidades, não poderei usar o meu semelhante como um objecto para alcançar os meus fins. Tenho de valorizar as suas necessidades tal como valorizo as minhas.


Extraído do livro Introduction to Vedanta, de Swami Dayananda Saraswati, traduzido e adaptado por Ricardo Viegas.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

ÁTMA VICHÁRA - A MEDITAÇÃO NO SER DE RÁMANA MAHARSHI


Esta técnica é a que melhor exemplifica o Jñána Yoga, o Yoga do conhecimento verdadeiro. Átma vichára é o questionamento sobre a natureza real da alma. Esta técnica tem como objectivo eliminar as falsas ideias sobre o Eu e o ego, e nos ensinar a separar o espactador do espectáculo, a consciência que vê do que é visto.


Quem sou eu, que não sou este corpo?
Sou o ser (que é imaterial, imutável e imperecível).
Quem sou eu, que não sou esta mente que pensa?
Sou o ser (que é serenidade e paz).
Quem sou eu, que não sou os cinco sentidos?
Sou o ser (que é silêncio e comunhão).
Quem sou eu, que não sou as emoções?
Sou o ser (que é ponderação e equilíbrio).
Quem sou eu, que não sou sensações?
Sou o ser (que é satisfação).
Quem sou eu, que não sou desejo, necessidade, vontade?
Sou o ser (que é plenitude).
Quem sou eu, que não sou passado, presente e nem futuro?
Sou o ser (que é intemporal, eterno).
Quem sou eu, que não sou ego, personalidade?
Sou o ser (que é tudo).
Quem sou eu, que não sou os papéis que represento?
Sou o ser (que é a verdadeira natureza, a verdadeira identidade).
Quem sou eu, que não sou orgulho e vaidade?
Sou o ser (que é simplicidade).
Quem sou eu, que não sou insegurança e medo?
Sou o ser (que é luz).


Extraído do livro Guia de Meditação, de Pedro Kupfer.