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terça-feira, 26 de maio de 2009

ANNA YOGA - A ALIMENTAÇÃO NO YOGA

ANNA YOGA – A ALIMENTAÇÃO NO YOGA


Neste artigo proponho desenvolver algumas considerações do meu ponto de vista e experiência pessoal e do ponto de vista do yoga relativamente a uma temática muito importante na vida de qualquer ser, para alguns chega a ser mesmo o cerne da sua existência: a alimentação.
Não pretendo apresentar aqui um tratado científico ou filosófico acerca deste tema, mas sim fazer uma abordagem desconstructiva dos mitos, medos e maus hábitos alimentares que possam prejudicar a qualidade de vida do Ser nesta acção tão importante para a manutenção da energia e saúde de cada um e todos nós.


Desta forma, vamos começar pelos alimentos e práticas que possam ser contraproducentes ou desaconselháveis na alimentação do yoguin: NADA, RIGOROSAMENTE NADA! Cada um deverá ser responsável pela sua prática alimentar e a observação desta prática fará de si mesma/o o observador de qualquer avaliação. Devemos aceitar com consciência, discernimento e vontade de aprender as consequências, efeitos e transformações que determinados alimentos poderão resultar em nós quando inseridos na nossa alimentação. Desta forma, saberemos quando e como alterar os nossos hábitos alimentares de acordo com os propósitos que nos propomos atingir na nossa vida, no nosso bem-estar, no nosso corpo – mente – espírito.


O Yoga adoptou a alimentação vegetariana essencialmente motivado pelo preceito ético (yama) apresentado por Patanjali nos Yoga Sutras, “ahimsá” que deverá ser entendido como “não-violência” sobre qualquer forma ou ser. De seguida apresento-vos a descrição de uma dieta yoguin como relatada no tratado de yoga Hatha Yoga Pradipika:


I:57.
Com toda certeza, o brahmachari que observe uma dieta moderada e pratique o Hatha Yoga renunciando aos frutos de suas acções, converter-se-á em um siddha no prazo de um ano.


I:58.
Seguir uma dieta moderada quer dizer alimentar-se com comida agradável e doce deixando sempre livre uma quarta parte do estômago e dedicando o acto de comer a Shiva.


I:59.
Não se consideram adequados para o yoguin os alimentos amargos, agros, picantes, salgados ou muito quentes; os vegetais verdes (diferentes dos recomendados), os legumes fermentados, o azeite de sementes, o gergelim, a mostarda, as bebidas alcoólicas, o peixe, a carne, o requeijão, o soro, a manteiga, os grãos de tipo chaasa, os feijões em forma de rim, as frituras, a asa fétida e o alho.


I:60.
Também devem evitar-se a comida requentada, os alimentos secos, demasiado salgados ou ácidos e os alimentos com muita mistura de vegetais (difíceis de digerir).


I:62.
Os seguintes alimentos são recomendados para o yogi: trigo, arroz, centeio, cevada, produtos feitos de cereais, leite, manteiga clarificada (ghee), açúcar mascavado, mel, gengibre seco, pepinos, patolaka, os cinco legumes (jivanti, vastumulya, aksi, meghanada e punarnava), feijão de tipo mung e água pura.


I:63.
O yogi deve tomar alimentos nutritivos e doces, misturados com leite e ghee, que aumentem os elementos corporais (dhatus: pele, sangue, carne, gordura, osso, medula e sêmen) e que sejam agradáveis.



Apresento de seguida a alimentação do yoguin como descrita no tratado de yoga Gheranda Samhita:


5:16. Quem praticar yoga sem moderação na dieta contrairá várias enfermidades e não alcançará o êxito.


5:17. O yogui deve comer arroz, cevada e trigo. Pode comer legumes (mudga, masha) e gramíneas (grãos, cereais como milho e trigo e, ainda, folhas). Tudo deve ser limpo e puro.


5:18-19. Um yogui pode comer frutas e vegetais próprios da Índia (pepino; fruto da árvore-do-pão; manakachu; bayas, kakkola; fruto da jojoba; nozes, bunduc; plantago maior e suas raízes, figos, plátano verde, beringela e frutos e raízes medicinais (riddhi).


5:20. Pode comer as cinco folhas de plantas adequadas para os yoguis: vegetais verdes e frescos e vegetais escuros (vastukusaka, hima-lochikasaka).


5:21. Deve encher-se metade do estômago com alimentos puros, doces e refrescantes. Há que beber com prazer sumos doces, deixando vazia a outra metade do estômago. A isto se denomina moderação na dieta.


5:22. Meio estômago encher-se-á com comida, uma quarta parte com água e a quarta parte restante deverá deixar-se vazia para a prática de pránáyáma.


5:23. Ao principiar a prática devem-se evitar os alimentos amargos, ácidos, salgados, picantes e tostados. Não se tomará coalhada, manteiga, álcool, vegetais pesados, frutos da palma e frutos demasiado maduros da árvore-do-pão.


5:24. Tão pouco se deverá ingerir certos legumes (kulattha e masur), a fruta pandu, abóbora e outras cucurbitáceas (melão, melancia, cabaça, abobrinha, pepino, etc), talos dos vegetais, bayas, kathabel, kantabilva e palasa.


5:25. Evitar também kadamba, jambira, bimba, lukucha, cebolas, lótus, kamaranga, piyala, hinga (assa-fétida), salmani e kemuka.


5:26-27. O principiante deve evitar as viagens frequentes, a companhia das mulheres e aquecer-se no fogo. Não é conveniente a manteiga fresca, o ghee, o leite e o açúcar. Igualmente, o plátano maduro, a semente de cacao, a fruta lavani, amalaki e tudo o que contenha sumos ácidos.


5:28. Durante a prática de yoga pode-se comer cardamomo, jaiphal, cravo-da-índia, afrodisíacos ou estimulantes, jambo-rosa, haritaki e seiva de palma (palmeira).
5:29. Se o desejar, o yogui pode comer alimentos refrescantes e agradáveis que mantenham os fluidos do corpo.


5:30. Devem-se evitar os alimentos de digestão pesada, os que estejam em mau estado ou podres, os demasiado quentes ou demasiado frios e os muito excitantes.


5:31. Não é conveniente banhar-se muito cedo (antes do nascer do sol), jejuar ou qualquer outra coisa que agrida o corpo. O yogui deve comer várias vezes ao dia e evitar não comer em absoluto ou comer com demasiada frequência.


5:32. Seguindo estas indicações, deve-se iniciar a prática de pránáyáma. Ao princípio há que tomar diariamente um pouco de leite e ghee antes de começar os exercícios de pránáyáma; e comerá duas vezes por dia: uma vez, a meio do dia e, outra vez, à tarde.


Um aspecto que podemos desde já sobressair na análise destas duas propostas acima descritas é o factor autóctone (ou natividade) na relação entre a origem do consumidor e a origem do alimento: o yoguin deve alimentar-se de acordo com as suas características genéticas e com o contexto ecológico onde se desenvolve, identificando os alimentos que fortificam a sua saúde e bem-estar, que nutrem e limpam o organismo trazendo-lhe energia e vitalidade. Ao mesmo tempo, a observação e aprendizagem dos hábitos alimentares permitem ao yoguin conhecer os alimentos incompatíveis com a sua prática, e prejudiciais para o seu corpo.


Os alimentos crus contém mais energia e preservam os seus nutrientes essenciais quando na sua forma original, sem serem alterados pelo aquecimento como quando cozinhados. A alimentação deve ser do mais fresco que puder, preferir os alimentos do dia em vez de alimentos conservados. Os alimentos que são difíceis de assimilar pelo organismo, que obrigam os órgãos a funcionar extraordinariamente (tais como salgados, ácidos, picantes ou especiarias) devem ser moderados no uso ou evitados de todo, caso o consumidor o identifique como agressivo para o seu funcionamento digestivo. Açucares, alimentos excitantes e intoxicantes são totalmente desaconselhados ao yoguin.


Podemos também observar que ambos tratados aqui focados apresentam características únicas relativamente à alimentação, partilhando aspectos essenciais no que toca aos elementos nutritivos: uma alimentação rica em hidratos de carbono (cereais, arroz e massas), vitaminas (frutas e legumes), sais minerais (raízes e água pura), e proteína (feijão e grão), evitando alimentos de origem animal e derivados.


A carne animal é rica em proteína mas apresenta uma constituição bastante diferente do ser humano, quer em termos nutritivos, quer em grau de toxicidade. O ser humano produz aproximadamente 12 tipos de proteínas, a vaca (por exemplo) produz 5 vezes mais diversidade proteica. Todas as proteínas que não forem compatíveis com o nosso organismo terão maior dificuldade em ser assimiladas e posteriormente excretadas, alterando o funcionamento normal do organismo e correndo o risco de originar potenciais distúrbios ou doenças do tracto digestivo, excretor ou dos órgãos internos. A incompatibilidade genética na alimentação omnívora é tida como um potencial factor gerador de cancro. Ao ingerirmos carne introduzimos no nosso organismo a cadaverina, ou energia da morte. Se cortarmos um fruto, legume ou vegetal, ou parte deste e o inserirmos dentro de água, ele permanece vivo, pois neste se encontra a energia da vida. Uma flor cortada numa jarra de água abre e fecha as suas pétalas vários dias após ter sido cortada. Um animal após a sua morte já não tem vida, a carne entra em processo constante e altamente progressivo de deterioração e putrefacção.


Comer carne animal significa literalmente matar um animal para se alimentar do seu cadáver. Tal como apresentei acima, ahimsá é o princípio ético primordial na conduta do yoguin, todos os outros yamas conduzirão o yoguin progressivamente à não violência mental, espiritual, física e emocional consigo mesmo, com os outros e com o meio que o rodeia. Uma vez entendidas as suas características pessoais e conhecidos os alimentos essenciais, matar e maltratar animais para se alimentar torna-se desnecessário e compatível apenas com a barbaridade e ignorância humanas.
Os derivados de origem animal (lácteos, manteiga, iogurte, etc.) são também desaconselhados, pelas mesmas características acima mencionadas, mas especialmente pelo facto de serem responsáveis pela produção de mucosidade no aparelho digestivo e respiratório. Quando comparado com outros alimentos, os níveis de cálcio que justificam maioritariamente a opção pelo seu consumo tornam-se irrisórios perto das leguminosas verdes (ex: brócolos ou alface). Não existe outro animal na espécie mamífera que continue a beber leite após a fase de amamentação, só o ser humano o faz, explorando o alimento de outras espécies recém nascidas animais. O Homem bebe verdadeiramente leite porque come vaca à mesa, e já que gastam milhões em dinheiro e hectares de terra desflorestada, para plantações de soja que alimentam outros milhares de vacas, tem que se rentabilizar o produto: beba leite (não) pela sua saúde (mas pela saúde das nossas contas bancárias)!


A religiosidade com que se aborda a prática alimentar é também um aspecto interessante aqui focado. A alimentação é feita com devoção e agradecimento ao Absoluto, o sentido que o universo tomou para que a energia expandisse desta forma, tomando inúmeras formas até chegar a nós e em nós continuar essa transformação e expansão, continuando a alimentar a existência multiforme e unificada na consciência, é o que no yoga se chama de Bhavana, um oferecimento divino e gracioso. Se como descrito no Hatha Yoga Pradipika se dedica uma parte do espaço no estômago a Shiva, à presença constante da consciência na existência absoluta, no Gheranda Samhita verificamos um mesmo espaço dedicado ao pránayáma, ao alento vital, ao corpo gasoso que nos habita e nos torna unos com todos os seres existentes, aquele que permeia o vazio e a criação. Respirar é o veículo da vida, é o acto também que alimenta a consciência pois é a matéria de que esta é feita, prána é vida, é luz, é amor. Esta é a religiosidade que está presente em tudo e também na alimentação, não são crenças mitológicas nem filosofias profundas. É estar plenamente imbuído no processo da alimentação, consciente do seu entendimento profundo.
Para perceberem um pouco a ideia, comparem-na ao acto sexual: se estiverem a ter relações com o vosso parceiro/a e estiverem a fantasiar com alguém na vossa cabeça ao mesmo tempo, acham que a experiência vai ser verdadeiramente interessante e exponencial? Claro que não! Se não se absorver no seu parceiro/a como um só, se não dedica a sua atenção ao momento presente, nunca conseguirá transcender a mecânica física e mental para o êxtase energético e espiritual de se estar em unidade. Com a alimentação passa-se o mesmo, afinal de contas somos ou não somos aquilo que comemos? Sejamos um com o alimento, físico-mental-emocional e energeticamente, sejamos religiosos ao ponto de não nos subvertermos durante este acto, comer totalmente concentrados na acção universal, no caminho da energia.
Comer sentado à frente da televisão é o melhor exemplo da falta de religiosidade contemporânea: a informação que passa em horário nobre (das refeições), nomeadamente os telejornais, são responsáveis pela manipulação da informação para que uma pessoa mentalmente se alimente de medos criados pela ignorância, medo da guerra, do terrorismo, dos assaltos, das doenças, da crise, e da morte, no momento em que preenche uma necessidade tão completa quanto a alimentação. Desta forma, este é o menu mental que a sua mente conduzida pela programação televisiva irá digerir e assimilar juntamente com o alimento. Desliguem as televisões à refeição pela vossa integridade e verão como a vossa alimentação melhorará qualitativamente. Façam da alimentação um acto consciente.


Outro alimento que é aqui abordado mas levanta alguma reflexão é o mel: apesar de ser elevadamente proteico, e até essencial na alimentação de algumas comunidades, o mel tem também um elevado grau de açucar e outras toxinas. Se por um lado é favorável no tratamento de irritações do tracto respiratório / digestivo, ao mesmo tempo o consumo regular de mel contribui para a intoxicação das nadís, ou corpo energético. Ao mesmo tempo, outro preceito yoguin focado nos yamas propostos por Patanjali é “asteya”, não roubar, e tirar o mel que é o bem essencial na alimentação e habitação das abelhas não é outra coisa que apropriar-se de algo na natureza que não é seu e ao mesmo tempo essencial para a preservação e manutenção da espécie que o produz. Reflictam sobre isto.


O consumo de álcool é também desaconselhado nestes tratados, tabaco e drogas não são aqui mencionados, mas faço questão de dedicar-lhes um parágrafo juntamente com o álcool. O álcool é uma essência pesada, não traz iluminação ao homem. Por mais que beba o homem não ascende, pelo contrário torna-se pesado e cai. O máximo que acontece é o amolecimento do ego, dada a inconsistência deste corpo: o ego deixa de estar tão normalizado pelos condicionamentos sociais, e o alter-ego manifesta-se assumindo por vezes o controle quando o consumo é exagerado. Este processo não traz qualquer consciência, pelo contrário traz até o esquecimento de tudo o que se passou logo após a ingestão de grandes quantidades de álcool. Desta forma, desloca a atenção do yoguin da consciência absoluta de Shiva. E como não bastasse, seca e danifica o funcionamento do aparelho respiratório e articular, e é altamente agressivo para os órgãos internos do ser humano. Se tiver que beber, opte por vinho tinto, num máximo de 2 copos. E se beber, por favor, não conduza em qualquer situação, nem coloque a sua vida nem a de alguém em perigo.
O tabaco é altamente prejudicial para o sistema respiratório e para a cabeça, não esqueçam que o cérebro se alimenta exclusivamente de oxigénio. O seu consumo torna o pránayáma deficiente na sua vida, é altamente debilitante para a saúde humana. As tribos indígenas usam o tabaco num ritual xamânico, com este libertam os espíritos que no plano astral se mantém agarrados ao plano físico, retirando energia dos seres vivos. O fumo é inalado pela boca, sem atracar ou engolir de alguma forma o fumo, e é exalado sobre a pessoa ou ser que se que se encontra sobre a influência desses espíritos. Nem a saliva se engole depois de fumar, a saliva é cuspida num escarratório com água e a boca é lavada completamente de seguida. Mais um ritual que o homem ocidental entendeu que poderia ser financeiramente rentável se introduzido de maneira descontextualizada aos consumidores ocidentais.
As drogas alucinogénicas ou para curar a saúde (antibióticos), especialmente as de origem química, são completamente desaconselhadas para qualquer yoguin ou ser humano. As drogas debilitam o sistema imunitário, deixando o corpo vulnerável a doenças e enfermidades, e alteram a atenção à consciência não contribuindo para um percurso lúcido por parte do yoguin. Se pretendem verdadeiramente conhecer o potencial da mente humana e sentidos percepcionais através do uso de essências, recomendo que se informem devidamente acerca das maneiras de o fazer em rituais de conhecimento, com essências naturais sem químicos, e com o acompanhamento de um guia / xamã / mestre experimentado no uso dessa substância e na relação desta entidade com o conhecimento de Si. Certifiquem-se que qualquer experiência será segura e que não colocará em risco a vossa integridade (para mais informação nesta matéria recomendo a leitura da obra de Carlos Castaneda ou o livro O Pão dos Deuses, de Steve Mckeena).
No que toca aos remédios, devemos optar se não houver realmente outra hipótese, pelos indutores naturais, medicamentos de origem natural ou não-química, pela sua tolerância no nosso organismo. Podem mesmo ser essenciais na cura de alguns processos de doença. Os que devemos evitar são as drogas legais, medicamentos de origem química industrializados e distribuídos em doses maciças nas sociedades. Ingeri-los só disfarça o processo de doença, atrasando apenas o culminar da realidade, a doença irá manifestar-se mais cedo ou mais tarde, e nessa altura o organismo e sistema imunitário estarão debilitados pelo consumo desregrado e continuado de fármacos. Práticas de purificação diárias (kriyá), pránayáma, ásana, anna yoga e dhyána (meditação) serão suficientes para o yoguin permanecer mais atento aos sinais de saúde e / ou doença, e estando consciente evitar acidentes ou descontrolos na sua prática regular. Sempre ouvi dizer que mais vale prevenir do que remediar, e esta é das poucas máximas que se dizia que acredito que tem razão de continuar a ser utilizada. Evitem os antibióticos, em caso de doença informem-se bem relativamente aos sintomas, consultem a opinião de diferentes especialistas, verifiquem e controlem a origem dos produtos que vos recomendam, e prefiram sempre que possível produtos de origem natural vegetal. O negócio de fármacos é o segundo maior mercado existente no globo terrestre a seguir à indústria da guerra, recusem qualquer consulta médica em registo “take away”: do tipo entrar no consultório, ainda nem abriu a boca para dizer “aaaaaah”, e já tem uma prescrição médica na carteira para ir levantar na farmácia. Esqueça isso, seja exigente, afinal de contas é um serviço pago por si, deve ser tratado/a com respeito e dignidade, e deve procurar obter o máximo de informação pertinente para o seu caso de saúde ou doença, não alimente nenhum acordo entre delegados de propaganda médica, médicos e farmacêuticas. Todos eles se alimentam às custas da sua energia e saúde. Ah, e claro, do seu dinheiro!


Como poderemos verificar adiante neste artigo, existem outros estudos que comprovam e demonstram outras oportunidades e modalidades no que toca aos hábitos alimentares. Apresento-vos de seguida uma tabela com diferentes tipos de alimentação:


- vegetariano (alimenta-se de frutos, legumes e verduras, excluindo os produtos de origem animal e derivados);
- crudivegetariano (tal como o vegetariano, mas não altera as propriedades dos alimentos cozinhando-os, come o alimento cru, para não alterar os seus nutrientes);
- frutovegetariano (alimenta-se exclusivamente do fruto da planta, aquele que por natureza a planta mãe acabará por rejeitar. Desta forma, não elimina a existência de qualquer ser vivo. Por exemplo, numa couve não se corta o caule matando a planta, alimenta-se apenas das folhas);
- ovolactovegetariano (tal como o vegetariano, mas complementa a alimentação com derivados animais, tal como leite, manteiga, queijo, etc.);
- macrobiótico (enfatiza o uso de cereais integrais cultivados localmente, legumes e produtos de soja fermentada, combinados em refeições pelo princípio das propriedades do yin e yang);
- omnívora (come todo o tipo de alimentos de origem vegetal ou animal);
- grupo sanguíneo (de acordo com a constituição sanguínea, utilizam alimentos vegetais e/ou animais que se afiguram indicados para uma dieta equilibrada e geneticamente não-agressiva ou tóxica para o seu organismo);
- Pránica (entenda-se energia vital ou solar, as pessoas que adoptam este tipo de alimentação vivem do alento vital, a energia contida no oxigénio, e disponibilizam o seu dia na captação e conservação deste alimento através de pránayáma, kriyá, bandha, dhárana e dhyána, não podendo dispender muita energia em actividades que não contribuam para esta forma de estar. Totalmente desaconselhado para quem viva na cidade e tenha uma rotina urbana);
- comedores de terra (alguns retiram os nutrientes essenciais à vida directamente da Mãe Terra, devendo para este efeito comer-se terras limpas ou argilas, sem elementos tóxicos, e ricas em nutrientes vivos. Totalmente desaconselhado em meio urbano pelo elevado grau de poluição);
- ingestão de urina (a urina regista toda a informação sobre o que ocorre no corpo, trata-se então de um processo simbiótico de assimilação da própria urina, uma reciclagem interna do organismo. Esta alimentação é complementada com qualquer regime vegetariano acima descrito);
- essências xamânicas (o consumo de propriedades retiradas da natureza: raízes, ervas, cogumelos, extractos, etc., cujos elementos operam essencialmente no alimento do corpo energético e na purificação do corpo físico).


Os objectivos gerais tanto do uso da argila e terra, como da urina, prána ou essências xamânicas na alimentação são:


- limpeza do organismo;
- purificação / desintoxicação;
- potenciador imunológico;
- energização;
- auto-conhecimento.


A minha alimentação baseia-se essencialmente nos hábitos crudofrutovegetarianos, complementados com regularidade com a alimentação pránica e a ingestão de urina, e por vezes com a ingestão de argila e / ou substâncias xamânicas. No entanto, foi por demais importante conhecer a alimentação ideal para o meu grupo sanguíneo de modo a ter uma abordagem equilibrada que fosse de encontro às minhas necessidades nutritivas, e como tal dedicarei aqui um parágrafo a este tipo de alimentação:


Determinadas pessoas, de acordo com o seu grupo sanguíneo, apresentam maior sensibilidade e exigência em alguns dos seus principais orgãos vitais (ex: rins, fígado, vesícula, etc.), e mediante o seu grupo sanguíneo estes órgãos internos poderão produzir bastante energia, ser bastante activos, mas por outro lado registar elevados níveis de toxicidade pela incapacidade destes órgãos assimilarem e transformarem certas substâncias que se apresentam indesejáveis / tóxicas para o seu grupo sanguíneo.
A fome insaciada e os apetites descontrolados, mesmo após uma refeição farta, resultam da incapacidade do organismo assimilar os nutrientes contidos no alimento por estes não se adequarem à reais necessidades do seu grupo sanguíneo. Uma refeição farta não é de alguma forma sinónimo de alimentação completa ou saudável.
Consultem a tabela de alimentos adequada ao vosso grupo sanguíneo e aprendam algo acerca da vossa herança genética, e vejam como isso poderá ser influente na vossa alimentação.


Estamos a aproximar-nos do fim, e se de alguma forma ainda não sabem como planear uma dieta equilibrada, deixo-vos aqui com umas propostas criativas e interessantes(pelo menos não serão prejudiciais à vossa saúde, isso vos garanto):


A alimentação pela cor é uma proposta bem simples e variada. Para a compreendermos começamos pelos chakras (centros energéticos), cada um tem uma cor, temos 7 cores diferentes em todo o corpo, cada cor representa um determinado tipo ou estado da energia. Os alimentos por sua vez surgem nos mais variados tons e cores. Os apologistas deste hábito alimentar defendem que a alimentação deve ser atentamente colorida e diversificada, devemos alimentar-nos com todas as cores e variar no tipo de alimento. Podemos por exemplo, comer um alimento de cada cor durante o dia, ou variar a cor de acordo com o dia da semana;


A alimentação pela lua (ou fases da lua), é outra proposta igualmente interessante. A lua é o segundo principal satélite natural responsável pela influência pránica no planeta Terra, pois esta reflecte a luz solar sobre o globo. Como se sabe, a Lua tem uma importância de relevância maior sobre todos os ciclos da vida no planeta (ex: crescimento do cabelo, das unhas, das plantas, a gravidez, as ondas do mar, os ventos, as marés, as estações do ano, etc.). Durante a fase de Lua Nova, a lua não reflecte a luz solar, a alimentação deve ser rica e diversa em nutrientes para compensar a menor quantidade de captação de prána (energia); em fase de Quarto Crescente, os seres vivos estão influenciados lunarmente no seu crescimento, devemos aproveitar aqueles que produzem nutrientes essenciais, vitaminas e proteínas; na fase de Lua Cheia, a Terra está exposta à radiação solar praticamente 24 horas por dia, desta forma, por ser bastante intensa a influência solar, recomendam-se refeições simples e ligeiras, de digestão fácil. A prática de jejum é mais facilmente obtida durante esta fase lunar; para concluir, em fase de Quarto Minguante, chegamos à fase da purgação, todo o reino animal e vegetal liberta toxinas nesta fase (podem confirmar em vós mesmos, aquele acne que surge nesta fase da lua, as perturbações intestinais, febres e suores). Dado o elevado grau de libertação da toxicidade nos alimentos, recomenda-se a preferência para os hidratos de carbono (cereais, arroz, massas, etc.), essenciais a uma alimentação equilibrada pois atribuem bastante energia imediata, e neste caso não libertam tanta toxina.


Para concluir este artigo, vou deixar-vos com umas máximas de pensamento para se ter em mente relativamente à alimentação:


- eliminem qualquer tabu relativamente à alimentação, diz NÃO! ao medo de comer, muito pior do que comer sem saber se será prejudicial é comer acreditando mesmo que o alimento vos fará dano, desta forma é impossível escapar aos seus efeitos. Se comes batatas fritas então acredita que são saudáveis e dão saúde, se fumas acredita que o cigarro te traz anos de vida! Não te esqueças é que podes enganar quem tu quiseres, só não te consegues enganar a ti mesmo. Se a mente te diz algo diferente do desejo que sentes de comer, se comes contrariado ou contrafeito, de uma vez por todas toma uma decisão, e o meu conselho é que seja a decisão mais consciente, segue aquilo que te disser a consciência;


- o alimento não é crucial para a manutenção da vida, mas sim opcional. Existem comunidades de pessoas que se alimentam de prána, não comem alimentos. Investiguem sobre isto. O alimento está onde colocarmos a nossa consciência e atenção, basta que se dediquem e pratiquem a opção tomada com vontade e coragem. Se não forem diabéticos, experimentem fazer um jejum, no dia anterior comam refeições ligeiras, frutas e /ou sopas, jejuem um ou dois dias sem comida e sem água, pois se ingerirem água o estômago vai começar a trabalhar e vai ser muito mais difícil controlar o jejum. Para quebrar o jejum, comer frutas ou ingerir sumos de fruta e água. Irão perceber uma série de mitos que existem acerca da alimentação;


- Diversifiquem ao máximo a vossa prática alimentar, sejam originais e autênticos, descubram o prazer dos sentidos na culinária e deixem que estes vos guiem conscientemente na descoberta dos prazeres da alimentação saudável. Não caiam na rotina de querer repetir sensações: aquele prato de caril tão delicioso nunca mais voltou a saber como da primeira vez, e digo-vos mais, nunca mais saberá nem daqui a mil vezes, pois o que vocês procuram é uma sensação e não uma receita mágica. Sejam audazes, livres e criativos;


- Não sejam radicais na vossa alimentação, de uma forma geral, em nenhum aspecto da vossa vida isso vos irá beneficiar. Quando me tornei vegetariano chegava a ter discussões desagradáveis pelo facto de me repugnar o acto de pessoas conscientes se alimentarem de animais, ou ficar completamente de mau humor se alguém acende um cigarro ao nosso lado… sejamos flexíveis, apresentemos as diferentes formas de estar, respeitemos o próximo quanto às suas opções e sejamos ao máximo autênticos e corajosos para afirmar livremente e amorosamente a nossa forma de estar neste mundo. Se hoje me convidam para almoçar ou jantar, e por esquecimento ou ignorância dos meus hábitos alimentares me oferecerem um prato com um animal, eu vou aceitar e partilhar deste ritual, o animal já morreu para este propósito, seria no mínimo um desrespeito para com a sua existência, eu o louvo pela sua coragem… antes comê-lo que deixá-lo morrer em vão, que a sua morte contribua no mínimo para algo maior, para a existência, e não para o fel da luxúria. Logo de seguida deixo bem claro as minhas convicções, e que à próxima devem de estar preparados para servir vegetariano. GO VEG!!!


Espero que depois desta conversa não vos tenha dado a volta ao estômago, se for esse o caso, então BOM APETITE e BOAS PRÁTICAS ALIMENTARES!

4 comentários:

Anónimo disse...

sysgu
Olá Ricardo Viegas,
Li suas recomendações de alimentaçao do yoga e, nela você citou a alimentação do tipo sanguineo. Gostaria que você falasse mais a respeito. Meu tipo sanguineo é A+. Sou vegetariana há 6 anos.

ABraços
Simone

r.s.lidia disse...

Aprecei o artigo a realidade e a consciência do corpo com yoga, alimentação e o meditar traz uma leveza harmônica que suscita equilíbrio e bem estar.

Unknown disse...

Namaste!

Parabéns pelo artigo, focas em pontos essenciais e, maioritariamente, evidentes. Contudo, há citações que embora corretas poderiam ser fundamentadas de outra maneira. O leite de vaca não é propriamente não saudável, a forma como o produzem, todos os processos infelizes e desumanos praticados com a vaca (tal como os seres humanos apenas amamentam no seguimento de uma gravidez e com sucção mamária que ativa a lactose e que por sua vez induz a produção de leite). Hoje em dia e nos meios ocidentalizados essa produção é sim nada mais que um negócio que tem tudo menos a prática da não-violência. Aí, naturalmente torna-se num alimento que devemos sim evitar pois imunda-nos, sobretudo, o corpo subtil. Bioquicamente falando, o leite é o alimento mais completo existente, tornando-o numa fonte nutricional de excelência, para quem naturalmente não seja intolerante à lactose. Na India, uma das razões de a vaca ser considerada sagrada, relaciona-se com todos os produtos que ela pode dar, suficientes para me manter vivo e nutrido. Mas isso é na índia, onde são respeitadas. Não no Ocidente, pelo que, infelizmente não podemos bebê-lo. Ao bebe-lo apenas contribuimos para a tal saude bancária que falávamos e que leva de arrasto a violência animal sem escrúculos.

Novamente grata pela partilha deste texto, super completo.

Hari OM

Unknown disse...

Muito bom artigo. Obrigado por compartilhar seus conhecimentos com seus irmãos na caminhada da luz!

Jai Ma