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quarta-feira, 20 de maio de 2009

PRABHUJEE

PRABHUJEE


Prabhujee Dayaa Karo
Maname Aana Baso
Tuma Bina Laage Soonaa
Khaali Ghatame Prema Bharo
Tantra Mantra Pojaa Nahi Jaanu
Mai To Kevala Tumako Hi Manu
Sare Jaga Me Dhundaa Tumako
Aba To Aakara Baahan Dharo



Trago-vos aqui uma abordagem semântica deste mantra, como tal não deverá ser entendida como uma tradução literária do mesmo.


Este mantra evoca a consciência presente da compaixão emanente do Absoluto. A mente deve estar sempre atenta ao seu estado divino, a sua existência luminosa. O conhecimento da nossa existência deriva de uma linhagem directa com o corpo de luz divina que emana de Brahma, a origem. Por Brahma o conhecimento chegou a Manu, o "pai da humanidade" (filho do Sol, de quem recebeu a luz de Brahma - brahmavidya), que a transmitiu a Krishna, e através do estudo do Bhagavad-Gitá poderão perceber que o caminho que desde então seguiu vem directamente ter a nós. O entendimento desta consciência incondicional como um corpo que permeia toda a existência abstém o praticante do sofrimento provocado pela sua solidão interior, tornando-o uno com o absoluto.


O equilíbrio da prática devocional deriva da coragem e discernimento para saber estar no ponto de encontro entre o mundo externo e o interno, saber viver com prazer na aceitação e desprendimento das condições do plano das realidades físicas, e estar sempre focado com a mente na unidade entre os demais planos de existência do Ser, a mente ser um templo divino. Neste momento de consciência o ser encontra-se imerso num estado de graça pura, sem dualidade, banhado pela luz radiante do amor e alegria num abraço à volta do mundo.


Por sermos conscientes da nossa natureza entoamos este mantra.


Em baixo segue uma interpretação minha deste mantra, uma interpretação inspirada na versão deste mantra por Ravi Shankar no álbum Chants of India. Esta é uma gravação caseira bem simples que resolvi fazer quando descobri um software gratuito na internet em audacity.sourceforge.net (mais informação a seguir à caixa de vídeo). ATENÇÃO: verifiquem se o volume dos vossos altifalantes não está muito elevado pois este ficheiro tem um pouco de estática. Obrigado pela compreensão, e espero que apreciem.







O Audacity é um gravador de pistas digital, que permite gravar som (voz, instrumentos) para dentro do computador através de um microfone, para posteriormente converter ou exportar em formato digital (mp3 / wav), e podermos ter uma gravação autêntica e original. Não é necessária nenhuma placa de som "XPTO" nem sistema de altifalantes topo de gama, mas se fôr esse o caso terão com certeza melhor qualidade na gravação. Eu fiz esta experiência no meu laptop com uns headphones e um microfone, ambos de baixa qualidade, o que atribui alguma estática sonora no produto final, portanto aconselho-vos a não subir muito o volume dos altifalantes quando ouvirem esta música aqui no blog.


Usar o audacity é tão simples quanto ligar o microfone e começar a gravar. Para gravarem várias pistas sobrepostas aconselho-vos a utilizarem uns auscultadores (headphones)para que o som que sai dos altifalantes não volte a ser captado pelo microfone. Depois têm vários efeitos e outras ferramentas que vos permitem fazer experiências com as vossas gravações.


Depois da gravação finalizada terão de converter o documento para um ficheiro MP3 ou WAV. Para isso, sugiro que façam o download também gratuito do software de conversão em www.dbpoweramp.com, e pronto, já têm a vossa gravação em formato digital audio.

O próximo passo, caso pretendam editar esse ficheiro aúdio no vosso blog, é criar um ficheiro de video, por exemplo no Windows Movie Maker, e inserir lá o ficheiro de som, uma vez que no blog não é possível inserir ficheiros de áudio tal como no myspace (corrijam-me se estiver errado). Esta é uma experiência ainda inicial que aqui vos deixo, fiz esta gravação no primeiro dia de uso do programa, já estou dedicado a melhorá-la, no entanto fica aqui a dica para os apreciadores de mantra darem um toque mais autêntico à sua informação. Mantras felizes para todos os "mantreiros"!

4 comentários:

Lis Rodrigues disse...

Olá Faro,

Meu nome é Lis, sou brasileira, cantora e compositora. Trabalho também com música eletrônica experimental e sou encantada com os mantras indianos.. Estava procurando a tradução de Prabhujee e encontrei seu blog. Gostei demais da sua versão do mantra. Linda! Me emocionou.
Se você me permitir, gostaria de usa-la em alguma música minha e assim levar esse sentimento de paz a outras pessoas..
Você me mandaria essa gravação? Ficaria muito agradecida e feliz!
Meu e-mail é llisrodrigues@gmail.com
Desde já, muito obrigada!

Namastê.. Shanti..
Lis

Ricardo Viegas disse...

Namasté Lis,

fico realmente surpreendido com o teor do seu email. Ao fazer aquele artigo sobre o mantra Prabhujee quis apenas expressar o quanto aquele mantra é especial também para mim, e poder levar a minha interpretação pessoal do mesmo a tantas pessoas quantas estiverem disponíveis e interessadas em querer partilhar da sua mensagem.

Quanto à tradução literária do mantra, poderão ser encontradas outras traduções diferentes pelo facto da língua em que é escrito, o sânscrito, ser tão rica e variada e susceptível de diferentes significados de acordo com a posição gramatical de cada conceito numa frase. Mais ainda, a sua interpretação varia também de acordo com a tradição de ensino de cada escola / tipo de yoga (ex.: Tantra, Vedanta, Samkhya, Vyaya, etc.). O Absoluto tem infinitas possibilidades de se manifestar, sob múltiplas formas ou pela ausência destas, mas todas estas são uma e a mesma coisa, o Ser (Brahma, Purusha, Ísha ou Íshvara, Átman). Tal como do barro se podem elaborar inúmeras formas , um prato, um vaso, um pote, uma colher, etc., mas todas estas são radicalmente a mesma coisa em si, isto é, o barro. No entanto, nenhuma destas formas encerra em si a derradeira magnitude contida no barro, a sua capacidade de criar múltiplas realidades: do barro fazemos um prato, mas do prato não voltamos a ter barro. Daí que qualquer tentativa de “traduzir” o Absoluto represente apenas e sempre uma das infinitamente possíveis interpretações do mesmo. Espero então com esta explicação deixar claro que o conhecimento transmitido por este mantra não encerra a sua totalidade na minha interpretação do mesmo, mas complementa (e é complementado por) todas as outras formas de interpretação e entendimento.

Prabhujee é um mantra devocional, tem fundação no Bhakti Yoga (yoga cujos suportes filosóficos e membros (angas) de técnicas denotam um aspecto devocional pelo Absoluto, a adoração, a compaixão, o amor incondicional e puro (prema). Admito que ainda não encontrei a sua origem, ou seja, o texto ou obra literária original de onde este mantra foi extraído.

Eu tomei contacto com ele através do músico realizado em vida, o distinto Ravi Shankar, que alimenta em mim com a sua música o apetite pela contemplação da beleza na paz que transmite na sua obra. Bem-aventurados somos todos nós por ter partilhado este planeta sob a harmonia das suas composições. De acordo com a visão do yoga do som, Náda Yoga, Ravi Shankar é o expoente de um grande mestre realizado em vida pela sua interpretação do universo tão intensamente expressa nas suas composições.
A sua versão do Prabhujee, que teve grande impacto na minha vida e me inspirou a escrever aquele artigo no meu blog, vem incluída no seu álbum “Chants of India”. A versão musical que criei tem como base fundamental esta versão de Ravi Shankar.

Ricardo Viegas disse...

Agora, quando gravei aquela música, admito que não tinha qualquer intenção artística como objectivo, sendo apenas que, procurava fazer chegar este mantra a todos aqueles que apesar de o conhecerem já ou não, estivessem disponíveis para sentir neste a sensação de encontro consigo mesmos, a sensação de finalmente ter chegado a casa após uma longa jornada, que foi exactamente o que eu senti quando o conheci, como também, procurei levar algum entendimento quanto ao seu significado a todos aqueles que se sentem tocados pelo mantra mas não têm qualquer outro contacto com a aprendizagem do sânscrito. O ficheiro de música em si tinha apenas como intenção demonstrar que a riqueza de cantar mantra não é somente aquela interpretação clássica, tradicional e ortodoxa, muitas vezes monocórdica, que as pessoas geralmente constroem nas suas interpretações do mantra, não é algo que esteja tão distante quanto a data e origem em que foram criados, mas algo que se sente e acontece, mesmo aqui e agora, dentro de cada um que se disponibiliza para cantar mantra, sem preconceito, se é de acordo com os padrões clássicos ou não, se afina ou se desafina, ou o que é que os outros vão pensar de nós... tudo isso “é novela”, porque aquele que inclui mantra na sua vida remove os obstáculos nela, atrai o auspicioso e desidentifica-se do seu ego mesquinho para passar a identificar-se com a sua verdadeira natureza absoluta. Com a mente focada no mantra, a mente cessa a dispersão, e o discernimento do que é realidade e o que é ilusão manifesta-se, aí o ser reconhece-se na sua natureza absoluta. Assim, quero deixar claro que não tenho qualquer pretensão artística ou musical quanto à gravação que fiz deste mantra. A minha actual experiência musical resigna-se ao mantra que pratico nas minhas aulas com os alunos, e no convívio junto dos meus amigos e família. Esta gravação foi resultado apenas de cerca de 2 horas de “brincadeira” com este novo software, Audicity, muito simples e bastante limitado, que tinha acabado de sacar da net no mesmo dia, então esta gravação não é outra coisa que não uma experiência gravada ao primeiro take para começar a perceber o software, não houve qualquer rigor profissional ou estético, foi gravado com um microfone “rasca” daqueles tipo karaoke bem antigo que estava perdido cá em em casa e naquele momento serviu para o propósito, tem vários erros, desafinações, arritmias, ruídos, e bastante estática, mas para o efeito que queria fazer dele, estava perfeito mesmo com todas essas imperfeições, não implicava qualquer rigor técnico, apenas a guitarrinha de praia desafinada, a minha voz gravada em 3 ou 4 pistas sempre à primeira vez, um take para cada sem acertos de produção, a inspiração do Ravi Shankar e sem poder deixar de mencionar também o grande Nusrat Fateh Ali Khan, cuja voz me inspirou para aqueles improvisos vocalizados que coloquei no início e no fim do mantra. E daí não passou, nunca o toquei assim antes nem nunca o voltei a tocar assim depois disso, aquilo é o que é, e vale pelo que vale, é fruto do improviso e da espontaneidade.

Ricardo Viegas disse...

Assim, quando me pede agora se você a pode usar na sua música, eu espero que você esteja esclarecida quanto à qualidade de som desta gravação e que assim entenda o quanto limitada ela poderá ser, mas é com a maior admiração e prazer que a envio para si, tal como mencionei antes, não tenho qualquer pretensão artística, esta gravação não tem direitos de autor registados, portanto você pode fazer o que bem entender com ela, se for possível, que ela sirva o seu propósito tal como me tem servido a mim. Agora se eu soubesse que a minha acção naquele momento iria dar origem a esta reacção, se calhar eu tinha gravado essa música com melhores condições para você... ou talvez não, quem sabe? Só existe o real, o que não é real não existe. O que está aqui está em todo o lado (e assim eu lhe envio o que é real), o que não está aqui não está em lado algum.
Se um dia chegar realmente a utilizar o ficheiro e fazer alguma coisa dele com a sua música, teria imenso gosto em poder partilhar dela.
Lhe agradeço bastante pelo seu contacto, espero continuar a inspirar pessoas e a ser surpreendido em cada instante da minha vida. Continue assim, destemida, determinada e compassiva, não custa nada perguntar, nunca sabemos quando podemos estar a abrir uma porta nas nossas vidas. Muita sorte e tudo de bom para si!
Harih Om!