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quinta-feira, 24 de setembro de 2009

A FAMÍLIA - O CAMINHO PARA O AMOR INCONDICIONAL

Nos versos 234 a 238 no capítulo V do tratado Shiva Samhitá diz:

"Que ele (yoguin) pratique livre da companhia dos homens num local retirado. Pela manutenção da aparências, ele deve permanecer em sociedade, mas não tendo o seu coração nesta. Ele não deve renunciar aos deveres da sua profissão, casta ou posição social; mas que ele os desenvolva como um instrumento do Senhor (Shiva), sem qualquer pensamento acerca dos resultados. Ele prospera seguindo sabiamente o método do Yoga; não há dúvida disso. Permanecendo no seio da família, cumprindo com os deveres familiares, ele que está livre do mérito e do desmerecimento e que dominou os seus sentidos, alcança a salvação. Pela prática do Yoga, o homem de família não é tocado nem pela virtude nem pelo vício; se para proteger a humanidade ele cometer algum pecado, ele não se encontra poluído pelo mesmo."

Para alguns aspirantes a yoguin ou yoguini, manter o equilíbrio nas suas relações sociais, familiares, afectivas em geral, torna-se um obstáculo ao progresso na prática do Yoga pelo facto deste ponto de vista e estudo sobre a vida propor uma abordagem onde se privilegia o isolamento para o estudo de si mesmo e o desapego de qualquer objecto ou fruto da acção, seja este material, emocional, mental ou relacional. É realmente por demais importante para a evolução do praticante que ele respeite e desenvolva estas prescrições práticas, tal como também as éticas universais (yama) e a disciplina individual (niyama).

Numa abordagem inicial a estes dois primeiros membros (angas) do Yoga (Yama e Niyama), os praticantes poderão encontrar a necessidade de se isolar e desapegar da vida tal como a conheciam e viviam até então para poderem interpretar e experienciar prescrições tal como Brahmacharya (não desvirtuar a sexualidade) ou Aparigraha (não possessividade), mas o conhecimento que advém do seu estudo e prática constante acabará por levar o yoguin de volta à sociedade agora com um espírito renovado iluminado pelo conhecimento da prática do Yoga.

O conceito de brahmacharya não é algo que respeite a negação, austeridade forçada ou proibição, é antes o acto daquele que vê a divindade em tudo existente, e desta forma lida com a vida de forma religiosa (e isto não implica ter-se uma religião, mas ser-se antes compassivo e amoroso para com a existência).
Quase todos os grandes yoguis e sábios da velha Índia eram homens casados e com família própria. Sem experienciar o amor e a felicidade humana não é possível conhecer verdadeiramente o amor divino.

A aceitação incondicional de toda a riqueza e diversidade característica à humanidade e o amor compassivo por todas as formas de existência é para muitos a porta para a compreensão divina, para abrir as portas da sua consciência ao plano mais sublime e unificado da sua existência absoluta. Ghandi disse: "A minha vida é um todo indivisível, todas as minhas acções se encadeiam, e todas elas têm a sua origem no meu insaciável amor pela humanidade."

Partilhar de um relação é poder privar com alguém que nos reflecte o quanto livres nós somos, livres para sermos nós mesmos, livres para sermos autênticos e originais, livres para reconhecer nos outros a sua própria liberdade. Façamos das nossas relações uma oportunidade para crescermos a nossa sensibilidade e a nossa consciência, desprendendo-nos do apego excessivo, da possessividade e de todas as doenças que daí advém tais como o ciúme, o ódio ou a agressividade. Façamos das relações uma oportunidade de purificação dos nossos seres, que através do amor encontremos o nosso estado mais puro e mais iluminado. Que nos juntemos em liberdade.
Khalil Gibran escreveu a este propósito: "Mantede-vos juntos, mas nunca demasiado: porque os pilares do templo elevam-se, distanciados, e o carvalho o cipreste não crescem à sombra um do outro."

O amor dá e recebe de si mesmo, jamais possui nem quer ser possuído, e basta-se a si mesmo. O yogui e yoguini respectivamente Edson Moreira e Vanderléa Jovino (reverências a estes seres maravilhosos), manifestam a sua impressão muito universal e naturalista relativamente ao amor no Svátantrya Yoga Shástra: "O amor predispõe o ser a lutar para ser feliz. Resta saber se não se trata de uma criação inusitada e desnecessária o acto de amar! Afaste a razão dessa premissa tornando-a serena e espontânea, talvez assim descubra que o amor é a vida tal como se apresenta."
Sejamos naturais e vivamos amorosamente o dia-a-dia, cada momento, cada agora, conscientes do presente, libertos do passado, e sem ansiar o futuro. Amar é viver, é simplesmente ser, sem esforço, sem lutas, sem dominação nem cobrança. É fácil! Disfrute da vida e viva o amor. Viva o Amor!!!

Em Dezembro de 2009 nasce para este mundo o bebé Surya, um menino divino, o baby krishna cá de casa. Tudo de bom para este novo ser consciente que nos presenteia. Bem vindo sejas a esta vida, que tudo reflicta a tua luz, que tudo seja como tu um Sol, inspirador da humanidade, fonte e origem de todo o conhecimento, removedor de todos os obstáculos! Hare Surya Hare Hare! Hari Om! Om Shánti Shánti Shánti!

Vou voltar a citar Khalil Gibran, no livro O Profeta, relativamente aos filhos: "Sois os arcos e vossos filhos as setas vivas projectadas. O Arqueiro vê o alvo no caminho do infinito, e reteza-vos com o seu poder para que as setas possam voar depressa para longe. Que a vossa tensão na mão do Arqueiro seja de alegria. Porque assim como Ele gosta da seta que voa, também gosta do arco que fica."





3 comentários:

Gil Almeida disse...

Surilau! Desejo-te muita felicidade nesta nova etapa da vossa vida! Um grande abraço pra ti e pra familia! Gil

Anónimo disse...

grande lista!É bonito e orgulho-me de estar nela. Abraço deste teu amigo de sempre e para sempre, Andreinho (Varela, é claro)

Paula Rosa disse...

OM SAI RAM