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segunda-feira, 15 de outubro de 2012

RETIRO DE ASHTANGA VINYASA YOGA, YOGA INTEGRAL E MEDITAÇÃO COM TOMÁS ZORZO


Namasté amig@s, o YOGALGARVE tem o prazer de vos anunciar mais um fantástico evento de qualidade e tradição yoguica. Desta vez, temos o privilégio de receber a visita do yoguin Tomás Zorzo para ministrar um retiro em formato não-residencial na região mais a sul de Portugal.
O Tomás aprendeu o Yoga com grandes mestres como Pattabhi Jois, Iyengar, Desikachar, Mohan ou Ambu.

Tomás (Rama) é um dos professores mais experientes com quem tive oportunidade de aprender, com um entendimento extremamente claro sobre o que é a aprendizagem do Yoga, é uma referência no meu percurso pessoal com o Yoga, e uma referência internacional na comunidade yoguica.

Fica aqui o convite, não deixem de consultar o programa detalhado e as condições de participação nas imagens em baixo.

Para mais informações, queiram por favor entrar em contacto connosco.







Aproveitem para concluir mais um ano das vossas vidas aproveitando esta oportunidade única de auto-conhecimento, de reflexão e alinhamento das prioridades quanto à vossa realização pessoal. Ofereça-se este presente tão especial pois você merece-o, ou surpeenda alguém igualmente especial com um gesto de amor, oferecendo-lhe esta experiência inesquecível.

Harih Om!

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

ÁSANA & YOGA NIDRÁ: WORKSHOP DE HATHA YOGA TRADICIONAL

com yogui Ricardo Viegas - 15 de Setembro 2012 – Óbidos

PROGRAMA:

(Manhã: 09h – 13h)

ÁSANA: A POSTURA FÍSICA NO YOGA – ALINHAMENTO E ESTABILIDADE

- Ásana: o terceiro anga (membro técnico) do Ashtanga Yoga de Patãnjali;
- O Ásana segundo Patañjali: Sthiram e Sukham – O caminho do meio entre Firmeza e Conforto;
- Vinyasa: Sincronicidade e Fluidez – Combinações técnicas entre movimento, respiração, bandhas (activações musculares), e drishti (pontos de fixação ocular);
- As famílias de Ásanas: Extensão, Flexão, Tracção, Torção, Equilíbrio e Força;
- O enquadramento do Ásana numa prática completa de Hatha Yoga Tradicional: Yoga Sádhana - Prática de Yoga (esta prática será composta por: aquietamento inicial, Shántih Pathah (invocações pela Paz), Shát Karma (acções de purificação), Ásana (postura física), Yoga Nidrá (relaxamento profundo), Pránáyáma (técnicas respiratórias), Dhyána (meditação), Mantra de Encerramento);
- Questões e esclarecimento.

INTERVALO (13h – 15h)

(Tarde: 15h – 18h)

YOGA NIDRÁ: O ESTADO DE SONO DINÂMICO OU A ARTE DO RELAXAMENTO CONSCIENTE

- A origem tântrica do Yoga Nidrá;
- Os 3 tipos de tensão;
- Compreender o processo de Pratyahara – Retracção dos Sentidos;
- Simbolos do Inconsciente: Libertação dos Samskaras (tendências subconcientes);
- O treino da mente: criatividade, receptividade, compreensão da natureza;
- Sankalpa: a resolução interior para a mudança construtiva;
- Benefícios do Yoga Nidrá;
- Yoga Nidrá Sádhana: Prática de Yoga Nidrá (esta prática será precedida por uma breve prática de ásana preparatória);
- Questões e esclarecimento.

LIMITE DE INSCRIÇÕES: 12 PARTICIPANTES

VALOR DA INSCRIÇÃO: 60 €

Inscrições efectuadas até 1 de Setembro têm desconto de 5 €.
Inscrições efectuadas em pares têm desconto de 5 € por participante.
Não se fazem reservas de lugar, as inscrições são efectuadas apenas com o respectivo pagamento.
Não se efectuam devoluções. Agradecemos pela vossa compreensão.

LOCAL: Casa Estrela - Estrada Nova 26 - Carregal - 2510-193 ÓBIDOS

INFORMAÇÕES / INSCRIÇÕES: Cibele Reis - TLM.: 919 282 490 - cibeleshanti@gmail.com

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

RETIRO DE YOGA: ÁSANA E PRÁNÁYÁMA - COM PEDRO KUPFER - CENTRO KARUNA - 25, 26 E 27 MAIO 2012


O YOGALGARVE tem o prazer de anunciar o primeiro retiro de Yoga com o grande yogui Pedro Kupfer no Algarve. O Pedro foi sempre uma grande inspiração e fonte de conhecimento desde que abracei o Yoga na minha vida, mas especialmente desde que tenho o privilégio de aprender pessoalmente com ele, a minha visão e entendimento sobre o que é o Yoga e a sua tradição de ensino tornaram-se bem mais ricos e esclarecidos. Para conhecer melhor o seu trabalho, não deixem de visitar o site que administra em www.yoga.pro.br.


Assim, estendemos o convite ao Pedro e a todos vocês para que se juntem a nós neste retiro de Yoga sobre dois temas fundamentais para todos os entusiastas do Yoga: "Ásana e Pránáyáma". Estes dois temas serão estudados e praticados intensivamente com vista a remover visões distorcidas, limitações quanto à prática, e o seu enquadramento numa prática completa de Yoga, trazendo luz e esclarecimento para as práticas pessoais de cada um.


Não deixem de consultar o programa completo do evento e mais informações quanto ao retiro nas imagens postadas em baixo. Contamos convosco! Entretanto, bom estudo e boas práticas! Namaste!












segunda-feira, 5 de setembro de 2011

DE MITHYÁ PARA SATYA: VIAJANDO NO DISCERNIMENTO


DE MITHYÁ PARA SATYA: VIAJANDO NO DISCERNIMENTO


O nosso dia-a-dia é constantemente permeado por formas de conhecimento ilusórias, concepções que não assentam sobre um fim comum ou entendimento universalmente aceite. Estas concepções chegam a estar tão presentes nas nossas vidas que condicionam toda a nossa acção ao longo do dia. Tomemos como exemplo o “nascer do Sol”: o Sol “nasce” às 05h30m – 06h da manhã; a partir desse momento concebemos o momento ideal para o desenvolver de cada tarefa; às 08h tomamos o pequeno-almoço; às 09h as pessoas chegam aos seus trabalhos; às 13h chega a hora do almoço; voltamos para trabalhar às 15h; saímos do trabalho às 19h, e dirigimo-nos às próximas tarefas enquanto o Sol se “põe”, compras, cozinhar o jantar, sair com os amigos, e mais cedo ou mais tarde, chega a derradeira hora de ir dormir. Agora esclareçam-me uma coisa: que história é essa de que o Sol nasce todos os dias? Sendo uma estrela, o Sol teve com certeza um nascimento, mas se ele morresse e nascesse todos os dias, que seria da existência da Humanidade e de todo o sistema solar? Então e o Sol põe-se? Põe-se onde? Tanto quanto o conhecimento do espaço sideral nos permitiu até agora, o Sol é o uníco elemento deste sistema solar que não se movimenta (senão em torno de si mesmo), enquanto todos os outros astros orbitam em seu redor, e se assim é, então onde é que ele se põe? Por acaso muda de galáxia? A própria noção do tempo, o nosso horário solar organizou-se de acordo com esta concepção errónea de que o Sol nasce e se põe, e afinal, tudo não passa do movimento de rotação do planeta Terra em torno de si mesmo, e do movimento de translacção que este planeta tal como todos os outros neste sistema solar, efectua em redor do Sol. Estas verdades relativas, aparentemente inofensivas, acabam por influenciar toda a nossa forma de estar perante a vida e perante o entendimento que fazemos da nossa natureza e do universo. A esta forma de conhecimento ilusório damos o nome de mithyá.

O conceito mithyá tem 2 significados, sendo um destes “falso” ou “ausente de verdade”, e o outro indica “algo que depende de um outro algo para existir”. No que concerne às concepções erróneas que o ser humano desenvolve acerca da sua própria natureza, mithyá nasce do processo de identificação da pessoa com aquilo que ela não é, resultado da sua ignorância existencial.

O indivíduo identifica-se com as demais camadas ou atributos que o constituem como ser experiencial: ele identifica-se com o corpo físico e com as mudanças que se manifestam neste (Eu sou alto / sou baixo / sou magro / sou gordo / estou doente / dói-me o braço / dói-me a barriga). O corpo físico, ou annamayakosha, depende do alimento para existir, ele é de uma forma geral, uma modificação da própria comida. Assim, o annamaya não pode encerrar em si a essência que é o Ser (átmá), mas antes um revestimento deste Ser. Se o átmá é nityam, eterno sem princípio nem fim, o corpo não pode ser o átmá porque o corpo não existe antes do seu nascimento nem depois da sua morte.

A pessoa identifica-se também com o corpo prânico, ou pránamayakosha (Eu sou forte / sou fraco / tenho fome / estou cansado / sou o ar que respiro). O prána, energia vital, torna o corpo físico vivo, está presente em cada célula, e é pela sua presença que o corpo empreende em toda e qualquer actividade física ou mental. O prána também não pode ser o átmá porque o prána é uma modificação do ar, entrando e saindo do corpo, vem e vai, e ao mesmo tempo, está sempre dependente da quantidade disponível de oxigénio.

O complexo mental, ou manomayakosha, é também objecto de identificação por parte do homem. Pelo manomaya se desenvolve a noção do “Eu”, “meu”, ou “mim”. Esta camada permeia a camada prânica, e é constituída pelos orgãos dos sentidos (jñanendrya) e pela mente (manas). Esta camada representa as modificações na mente, está sujeita a mudança a todo o tempo, ela é a causa para a divisão (vikalpa) aparente do indivíduo (jívátmá) com o Ser absoluto (paramátma). Ao identificar-se com o corpo, a mente superimpõe os atributos do corpo sobre o átmá. Aqui tem origem a dualidade existencial em termos de nomes e formas. Quanto a isto, refere a Bhagavad-Gita: “Indivisível, parece dividir-se em formas e seres distintos. Sustentáculo de todas as criaturas, é o que as engedra e devora.” (XIII: 16).

Tal como a mente se compõe de pensamentos, ou vrrtis, as emoções também são integralmente vrttis. Na mente também se encontra o vijñanamayakosha, a camada onde ocorrem as actividades intelectuais e intuitivas, e esta é também composta por vrttis. Os vrttis estão em constante movimento, e apesar do vijñanamaya ser responsável pela cognição, apesar de ser aquele que se entende como o agente ou actor (kartá) e o manomaya ser apenas um instrumento (karana), os seus papéis invertem-se devido à velocidade vertiginosa das vrttis na mente e na emoção. E por esta razão a pessoa entende-se como sendo o pensamento ou a emoção (eu sou isto, aquilo é uma árvore, esta blusa é minha, eu estou triste, eu estou contente).

O manomaya (atributo mental) tem na sua essência o sofrimento, ou duhkha, como reflexo da dualidade presente no ego (ahamkára), assim é de natureza sofredora, ou duhkha svarúpa (eu estou triste, eu estou frustrado, eu sou incompleto). A mente também passa por um processo de identificação com a felicidade (sukham), mas de facto, esta manifestação de felicidade tem origem no ánandamayakosha, camada da felicidade suprema (eu estou feliz, estou contente, estou satisfeito). Sendo passível de observação, o manomaya também não poder ser o paramátmá porque todo o pensamento tem um princípio e um fim, e está sujeito a mudança, e assim torna-se um objecto de percepção (drshya). O Ser é aquele que percebe (drashta), o que observa, e não o objecto percebido.

As experiências de sukha e duhkha pertencem ao vijñanamaya. Se este atributo se vê como o actor (kartá) das experiências, então ele é com certeza aquele que disfruta (bhokta) também dos frutos da sua acção, apesar das experiências de sukha pertencerem ao ánandamaya.

O ánandamaya é constituído por vrttis “especiais” de origem tamásica, contemplativas e inertes, mas com predominância sátvica, iluminada e inteligente. No entanto, este kosha actua como um reflexo de ánanda, uma característica natural ao átmá exclusivamente porque o Ser é o único que é sem limites, total e pleno, este é o significando de ánanda. “Aquele cujo coração não se atém às impressões exteriores descobre em si mesmo a felicidade. Em união com Brahman, através do Yoga, desfruta da perpétua plenitude” (Bhagavad – Gita, V.21).

Todos os koshas que revestem o átmá não são outra coisa que não manifestações do átmá, mas o átmá não é nenhum destes. Todos estes atributos são superimpostos ao Ser. Estas noções são universais porque a ignorância da verdadeira natureza do Ser (satcitánanda svarúpa) é também universal. Esta associação ilusória do Ser aos demais koshas dá-se porque átmá “empresta” a sua existência e consciência a estes atributos, mas esta associação não pode ser real porque átmá é asanga, puro a todos os níveis. Quem experiencia as acções e os frutos desta são os koshas, estes são os agentes (kartá) e quem desfruta dos resultados (bhokta). Por isso mesmo, átmá é satya, a realidade, e as demais manifestações que este assumiu no universo são mithyá quando entendidas como a derradeira realidade. Átmá é nityam, eterno, sem princípio nem fim e presente em tudo o que existe, no entanto, tudo o que se manifesta de Si na natureza é efémero, e não pode desta forma encerrar nas manifestações a essência que é o Ser.

Mantendo uma atitude inquisitiva e equanime perante o que é experienciado percebemos o conhecimento de que o átmá é o único que não pode ser negado (sakshi) pois Ele é satcitánanda svarúpa, Ele é a realidade e a consciência, é o conhecimento, e a plenitude sem limites. Então, se eu existo, e tenho conhecimento de que existo, eu existo assim sem as limitações suscitadas pela ignorância e removidas por este conhecimento. O corpo não é o átmá, o prána não é o átmá, a mente não é o átmá, as emoções também não O são. Este é o discernimento que se obtém do conhecimento na natureza do Ser, como tal, a minha própria natureza é verdadeiramente sakshi, eu sou a consciência testemunha na forma de conhecimento (bodha), só isso permanece invariável.

Se o átmá é satya, verdadeiro, e deste tudo se manifesta, então devemos compreender que mithyá depende deste também. O reconhecimento do que é falso só pode ser atingido se conhecermos o que é verdadeiro. Mithyá é uma forma de conhecimento que não revela na sua essência a totalidade do átmá, e estando esta característica ausente, é então falso afirmar que os koshas são o átmá, esta crença é mithyá. A escuridão não existe, existe antes a ausência da luz; o frio não existe, existe sim a ausência do calor. Não pode haver nada onde nada havia. Toda a criação vem do Ser. Mithyá não pode ser considerada independente, ela cumpre uma função prática mas é ilusória quanto à compreensão da natureza do Ser. Todos os koshas dependem da auto-efulgência do Ser, qualquer objecto que quando observado comprova a sua dependência de outro objecto, isso é mithyá.

Para tentarmos compreender estas questões de uma maneira que nos seja familiar, convido-vos a reportarem este conhecimento para a vossa prática de yoga. Passarei então a exemplicar algumas situações simples e recorrentes na sala de prática:
é muito frequente identificarmo-nos com o corpo físico (annamaya) na nossa prática de yoga. A atracção pela estética do ásana (postura física), o culto do físico, ou a busca de um estado de saúde física e flexibilidade, que é manifestada por alguns praticantes, não pode ser entendido como o objectivo último a que se propõe a prática yoguica. Sendo o corpo físico dependente de alimento e sujeito a mudanças, identificarmo-nos com os resultados que são fruto da prática é mithyá;

outro processo que acontece com frequência é a identificação com o prána (energia vital). Na prática de kundalini yoga o praticante pode vir a identificar-se com a energia desperta no kanda (base da coluna) e que agora flui pelo sushumna nadi (canal subtil central que flui pela coluna vertebral), alimentando todo o corpo com uma experiência fisicamente extática. Na prática de pránáyáma (técnicas respiratórias) igualmente, alguns praticantes identificam-se com o aumento do fluxo de prána, ou com o calor que se gera pelo corpo. Isto é também mithyá;

Quando chegamos demasiado mentais na prática, com o ego conduzindo a nossa atitude, procurando reproduzir aquelas técnicas que nos enaltecem o ego, aquele ásana mais elaborado, mesmo que nesse dia o corpo não esteja disponível para tal experiência, ou tentar reproduzir o entendimento a que cheguei durante a última meditação e debatemo-nos om o brilho do intelecto sendo ofuscado pelo desejo do ego. O apego ao sucesso, o desejo de repetição de experiências, a frustração que ocorre quando os objectivos estabelecidos para a prática não são cumpridos, a identificação com estes resultados por parte do praticante é mithyá;

quando o praticante se identifica com o fruto da sua acção na prática de yoga, esse conhecimento é mithyá. O acto de testemunhar a prática não deve estar sujeito a apego ou aversão. Chegam a haver aqueles praticantes que ficam apegados à própria ideia do desapego ou à renúncia da vida no plano da natureza manifestada. Queremos repetir aquelas técnicas que desenvolvemos prazerosamente e evitar as outras que temos maior dificuldade, que exigem maior esforço de nós, que tornam a mente mais activa e instável. Isto é fruto da identificação com este kosha (vijñanamaya). “O Yogi que tem comando sobre a mente e, recolhido em si mesmo, pratica o Yoga, é como uma chama luminosa que, ao abrigo do vento, não sofre nenhuma oscilação.” (B. G., VI: 19);

a prática de pránáyáma desperta por vezes no praticante um estado de euforia. A meditação (dhyána) pode resultar numa experiência ou sensação de paz, entendimento, equilibrio emocional, ou felicidade. O relaxamento obtido no yoga nidrá (relaxamento profundo, o sono do Yoga) traz uma enorme sensação de satisfação ao praticante. Ao abordar a prática com o fim último de realizar estes efeitos pelas técnicas é fruto da ilusão de se acreditar que o ánandamaya enaltecido pela prática é o próprio átmá, e isso é mithyá. “Os yogis executam seus actos exclusivamente com o corpo, pensamento, intelecto e mesmo com os simples sentidos, sem abrigar identificação co quaisquer desejos, a fim de purificar o coração.” (B.G., V:11).

Como podemos perceber através destas citações da Bhagavad-Gita acima apresentadas, existe uma atitude yogica a cultivar na nossa prática,uma atitude reflexiva (niddidhyásana), uma atitude de negação da identificação com o objectificável, e de identificação com aquele que observa, o átmá. Essa atitude propõe-se ser desapegada (vairagya) da técnica ou dos resultados advindos desta, devemos para tal dedicar-nos à prática de Íshvara pranidhana, oferecendo o fruto da nossa acção à consciência que tudo testemunha. “Quem age sem o menor apego, dedicando suas acções a Brahman, não sofre com o erro, da mesma forma que a água não adere à folha do lótus.” (B.G., V10). Abordar a prática com viveka (discernimento) leva-nos à aceitação desta entendendo a plenitude em qualquer manifestação observada.

Se o praticante mantém o foco no conhecimento do átmá, ele compreende que o objectivo último da prática do yoga é exclusivamente moksha, é romper com os condicionamentos que resultam da identificação com o que é observável e sujeito a mudança, é aceitar a sua liberdade com naturalidade porque entende a plenitude em qualquer experiência. Sabemos que o foco é por demais importante para viver na experiência de moksha, mas este vem e vai, sempre em viagem, e assim nos deparamos nesta constante viagem de mithyá para satya, e vice-versa. Várias são as direcções que se apresentam ao yogi, muitos são aqueles que não chegam à meta a que se propõem, fica o convite então para que sigamos o caminho do meio com equanimidade (upekshanam), apanhamos boleia do discernimento, e que assim possamos perceber que o mais importante desta viagem não está em chegar ao fim último, ou até, regressar à casa de partida, mas sim desfrutar de uma boa viagem. Namasté!