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terça-feira, 30 de novembro de 2010

AS BUSCAS HUMANAS (3) - A NATUREZA MERCURIAL DO PRAZER: KÁMA


Káma corresponde às muitas formas do prazer sensual. Todas as criaturas procuram o que é prazeroso - através de qualquer dos orgãos sensoriais que tiverem ao seu dispôr. Para criaturas não-humanas a busca do prazer é definida e controlada pelo instinto. Eles procuram aquilo para o qual estão programados para desfrutar, directa e simplesmente. O seu benefício não é dificultado por filosofia ou auto-julgamento. Um cão ou um gato comem o que lhes sabe bem até estarem cheios, bastante despreocupados com considerações de saúde ou estética. O gozo começa, termina, e é contido no momento, de acordo com um programa instintivo.
A busca humana pelo prazer é mais complexa. Os nossos desejos são conduzidos igualmente por instinto e por sistemas pessoais de valores. Os desejos instintivos do Homem, como um ser vivo, são prejudicados pela capacidade humana de levar em extensa conta desejos pessoais instáveis. Cada ser humano vive num mundo privado, subjectivo, onde vê os objectos como desejáveis, indesejáveis ou neutros - nem desejados nem indesejados. Quando eu examino as minhas atitudes em relação a estes objectos, eu descubro que aquilo que é desejado por mim não me é desejável a todo o instante, ou em todos os lugares; nem o que eu desejo é necessariamente desejado pelos outros. O que é desejado, muda. O tempo condiciona o desejo; o lugar condiciona o desejo; os valores individuais também condicionam o desejo.
Tomem como exemplo as "vendas de garagem" onde eu vendo aos outros aquilo que eu anteriormente considerei valioso; agora não lhe tenho qualquer valor mas ainda é apreciado pelos outros. Em contrapartida, o que os outros consideram sem valor, eu considero valioso. De facto, há vezes em que aquilo que vendemos como sucata volta a ser considerado valioso mais tarde, porque as circunstâncias ou as atitudes mudaram. Conforme o tempo passa, aquilo que eu aprecio agora vai perder o seu valor para mim e devo preparar-me para ralizar uma nova venda de garagem.
Esta transformação de valores que torna os objectos desejáveis, indesejáveis ou neutros, também ocorre e afecta a atitude de uma pessoa em relação às outras pessoas, ideias, ideologias, situações e lugares. Todos estão sujeitos a tornarem-se desejáveis, indesejáveis ou neutros. Carros velhos, casas velhas, mobília velha, até um marido ou uma mulher velhos, vão de um estatuto para outro. Este intercâmbio acontece durante todo o tempo. valores subjectivos não permanecem os mesmos; quando os valores mudam, os gostos e desgostos também mudam. Os gostos e desgostos ditam os prazeres que cada pessoa procura tal como ditam o que cada pessoas rejeita ou evita. Parte da busca pelo prazer é evitar as coisas que causam desagrado.
Tanto os animais quanto os seres humanos debatem-se para obter o agradável e evitar o desagradável. A diferença é que o esforço humano não é determinado nem limitado por nenhum padrão definido mas é ditada por valores flutuantes. Estes valores sempre instáveis mantêm a pessoa sempre em esforço.


Extraído do livro Introduction to Vedanta, de Swami Dayananda Saraswati, e traduzido por Ricado Viegas.

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

AS BUSCAS HUMANAS (2)- A BUSCA INFINDÁVEL POR SEGURANÇA: ARTHA


Artha, uma das duas buscas que os seres humanos partilham com os outras criaturas, correspondem a todas as formas de segurança na vida: riqueza, poder, influência, e fama. Todos os seres vivos procuram segurança sobre qualquer forma adequada para si mesmos. Animais, pássaros, peixes, insectos - até plantas e micróbios - todos procuram segurança. Procura-se abrigo, acumula-se comida, o cão enterra o seu osso, a abelha enche a colmeia com mel, a formiga escava um armazém para grãos. Todas as criaturas têm uma sensação de insegurança. Também elas querem estar seguras. Contudo, a sua atitude e comportamento são governados por um programa embutido. A sua sensação de insegurança vai até aqui e não mais. Neles não se verifica um ruminar interminável pela segurança.
Por outro lado, para o ser humano, ansear e lutar não tem fim.
A infindável luta humana para preencher a sensação de querer pode ser verificada pela análise de experiências. Se é dinheiro que eu procuro, este nunca parece ser suficiente independentemente de quanto eu acumulo. Não me sinto seguro independentemente de quanto dinheiro eu tiver. Posso então procurar segurança no poder e na influência, gastando esse mesmo dinheiro que lutei para acumular na compra de poder - não que esse dinheiro deixasse de ter valor para mim, mas porque agora atribuo um valor mais elevado ao poder. Eu procuro segurança através do poder. A luta por riqueza, poder, e fama é interminável. Todas estas são lutas por segurança, porque eu me sinto inseguro..
Porque eu sou um ser auto-consciente, eu tenho a capacidade de me sentir inseguro; eu acumulo bens mas acumular falha em fazer-me sentir seguro. O ganho nunca é suficiente. Sou sempre conduzido a procurar mais e diferentes tipos de segurança num esforço fútil para criar a condição de segurança.


Extraído do livro Introduction to Vedanta, de Swami Dayananda, e traduzido por Ricardo Viegas.

AS BUSCAS HUMANAS - AS QUATRO CATEGORIAS DO ESFORÇO HUMANO


O ser humano vê-se a si mesmo como uma pessoa deficiente. A sua busca constante e compulsiva torna a sua insuficiência evidente. Para escapar a esta deficiência, ele luta por um grande número de coisas que se enquadram em quatro temas essenciais:


dharma - ética;
artha - segurança;
káma - prazer;
moksha - liberdade.


Todos quatro são chamados colectivamente de purushartha e são almejados pelos seres humanos. Estes são os objectivos pelos quais o purusha, o ser humano, luta.
As quatro buscas humanas básicas podem ser subdivididas em dois grupos. Um grupo, a busca pela segurança e prazer, artha e káma, é partilhado em comum com os outros seres vivos; o outro grupo, esforço em concordância com a ética, dharma, e a busca pela liberdade, moksha, é peculiar para os seres humanos. O segundo, o grupo humano de buscas, surge porque o ser humano é uma pessoa auto-consciente. Um ser auto-consciente é um pensador, com a capacidade de alcançar conclusões acerca de si mesmo. Esta capacidade tornou possível a conclusão humana universal: Eu sou um ser humano limitado, deficiente que tem de lutar por certas coisas através das quais anseia tornar-se completo.


Extraído do livro Introduction to Vedanta, por Swami Dayananda, traduzido por Ricardo Viegas

sábado, 27 de novembro de 2010

MEDITAÇÃO EM FORMA DE PRECE 2


Como indivíduo limitado, invoco a ajuda de Ishvara, a graça de Ishvara, através de um acto de prece. Baseando-se na sua própria vontade, a prece é uma acção. Invocar a graça é um acto, tal como a simples auto-sugestão. Sentando-me para meditar, relaxado, ofereço uma prece a Ishvara invocando-o sob qualquer forma, sob qualquer nome. E rezo:


Ishvara, possa eu ter a maturidade para aceitar graciosamente aquilo que eu não posso mudar; possa eu ter a vontade e a força para mudar aquilo que eu posso; e que eu tenha a sabedoria para saber a diferença entre o que posso e o que não posso mudar.


Eu não posso mudar a minha infância, não posso mudar a minha ascendência, não posso mudar todo o meu passado. O que aconteceu na minha vida não pode ser mudado. O que aconteceu, aconteceu. Não posso fazer nada acerca disso. Com base em tudo o que aconteceu, não tenho nada de que me arrepender. Não tenho razões para estar triste, deprimido ou zangado. Abandono a minha angústia por tudo aquilo que aconteceu. Eu aceito graciosamente qualquer coisa que tenha acontecido na minha vida.


Existem uma série de coisas que eu posso mudar e reparar. Procuro a força de vontade e a habilidade para fazer o esforço necessário e adequado para mudar. Não desperdiço o meu tempo a tentar mudar aquilo que não posso mudar; nem desperdiço o meu tempo confrontando-me com situações pouco saudáveis que posso mudar. A diferença entre as duas, o que eu posso e o que eu não posso mudar, não é fácil de distinguir. Requer sabedoria e para tal invoco novamente a tua graça:


Ishvara, possa eu desfrutar, ter a maturidade para aceitar graciosamente aquilo que não posso mudar, a vontade e a força para mudar o que posso, e a sabedoria para conhecer a diferença.


Eu estou desperto, vivo para o que acontece neste preciso momento. Deposito a minha vontade, a minha escolha. estou desperto para o momento. Momento a momento, estar atento a cada momento é um facto perpétuo, duradouro, sempre presente. Estar atento não tem convulsões nem arranques. É uma presença, uma presença que está sempre presente.


Aquilo a que estou atento neste momento é único. o objecto muda; até estas palavras nunca são as mesmas. Neste preciso momento, uma determinada palavra, frase, som ou um objecto, mudam. Eu estar atento acerca do que acontece neste preciso momento não depende de escolha. Livre da memória, eu sou uma presença atenta.


Extraído do livro Morning Meditation Prayers, de Swami Dayananda Saraswati, e traduzido por Ricardo Viegas.

MEDITAÇÃO EM FORMA DE PRECE 1


Eu trago Ishvara,o Senhor, para a minha vida quando reconheço a minha fraqueza, a incerteza, e a incapacidade para ordenar as coisas como eu quero. Existe incerteza quando me refiro ao preenchimento dos meus desejos e pelo que anseio. Existem limitações de força em termos de vontade e capacidade para fazer os esforços necessários. Existem também limitações em termos de conhecimento e de recursos. Existe a falta de liberdade na minha vida mental. O reconhecimento disto leva-me a admitir o meu desamparo.


O próprio reconhecimento revela um grau de maturidade. Eu procuro desenvolver a maturidade invocando a graça, o invisível e o inantingível, algo que torne as coisas possíveis. Eu invoco a graça do Senhor para aceitar as coisas que não posso mudar. Os meus arrependimentos, as minhas preocupações e a raiva, o caminhar para a depressão, ganham força através da minha incapacidade de aceitar e de compreender o passado.


Oh Senhor, culpabilizei uma série de factores, pessoas, situações, o tempo, os lugares e a sociedade. Se calhar, tudo isto me ajudou a chegar ao ponto em que eu consigo rezar. Apercebo-me que não devo culpabilizar alguém e nem a mim mesmo. Que eu possa aceitar graciosamente e totalmente aquilo que eu não posso mudar. Posso mudar as minhas atitudes e trabalhar pela compreensão necessária. Posso trazer uma ordem melhor para a minha vida pessoal. posso fazer o esforço que for necessário. Oh Senhor, que eu tenha a vontade e o esforço para mudar aquilo que posso. Que eu possa saber aquilo que posso e não posso mudar.


Frequentemente desperdiço a minha energia e o meu tempo a tentar mudar aquilo que não posso mudar. E quando devo mudar aquilo que realmente posso, já estou cansado. Estou empobrecido em termos de vontade, energia, esforço e capacidade para me esforçar. Que eu tenha o conhecimento para saber a diferença entre as duas: o que posso e o que não posso mudar.


Uma a uma, descobre as coisas que queres mudar, faz uma lista delas:
Gostaria que o meu pai tivesse uma atitude diferente. Gostaria que a minha mãe tivesse uma resolução mental diferente e mais disciplina pessoal. Gostaria de ter estudado mais. Gostaria que a minha casa fosse uma casa de verdade. Gostaria de ter entendido o valor dos valores. Gostaria de ter sido mais disciplinado. Gostaria de ter dado mais atenção aos conselhos que me foram dados repetidas vezes. gostaria de não ter conhecido determinada pessoa. Gostaria de não ter feito determinada acção. Gostaria de ter feito determinada acção. Gostaria de me ter preparado com algumas competências e melhores títulos. Gostaria de ter nascido com outro signo astrológico. Gostaria de ter nascido um homem. Gostaria de ter nascido uma mulher. Gostaria de nem ter nascido de todo.


Quanto ressentimento e quantos desejos inúteis!


Oh Senhor, ajunda-me a entender intimamente a inutilidade destes desejos, ajuda-me a abandonar cada um deles.



Retirado do livro Morning Meditation Prayers, por Swami Dayananda Saraswati, e traduzido por Ricardo Viegas.

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

AULAS DE YOGA EM FARO, ALGARVE


Se pretende experimentar ou frequentar práticas de Hatha Yoga Tradicional, Ashtanga Viyasa Yoga, Meditação e Advaita Veánta com o Ricardo Viegas, consulte por favor os demais contactos abaixo:

yogalgarve@gmail.com / facebook.com/yogalgarve / 912 163 758

RECOMENDAÇÕES GERAIS PARA PRATICAR YOGA:

- pontualidade (praticar em grupo implica a responsabilidade de não deixar ninguém pendurado à sua espera. Sejam assertivos com os horários, se tiverem de chegar atrasados, não corram, venham antes relaxados, mas compreendam que a prática tem uma hora marcada para iniciar);
- roupa confortável;
- agasalho para relaxamento (opcional);
- tapete de prática (nada como ter o seu próprio tapete para preservar a sua higiene pessoal, mas de qualquer forma há sempre alguns tapetes disponíveis para as práticas);
- saúde ( é imprescindível encontrar-se em bom estado de saúde para a prática de yoga, caso contrário a abordagem que lhe será mais indicada será o yoga terapêutico personalizado, e não em contexto de grupo). Informe o seu instrutor acerca de tudo o que considerar pertinente relativamentto ao seu historial clínico;
- boa disposição.

Encerramento do Yoga Vidya Studio

Informamos os nossos queridos amigos e praticantes que o Yoga Vidya Studio se encontra encerrado desde o mês de Julho 2010. Por motivos alheios à nossa vontade tivemos que deixar o espaço que recebia o nosso centro. Não fiquem tristes porque as práticas de Yoga continuam a decorrer em Faro e arredores, para mais informações não deixem de consultar a etiqueta "AULAS DE YOGA".