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quarta-feira, 28 de maio de 2014


Nádis e Chakras – o corpo subtil e os centros energéticos

A palavra nádi deriva do termo nád, que significa um caule oco, som, vibração ou ressonância. As nádis são tubos, leitos, ou canais que carregam ar, água, sangue, nutrientes, e outras substâncias através do corpo. Estas são as nossas artérias, veias, vasos capilares, brônquios, etc. Nos nossos corpos subtis ou espirituais, que não podem ser medidos, estas são canais para a energia cósmica, vital, seminal, entre outras, e ainda para as sensações, consciência ou aura espiritual / corpo astral. Estas são chamadas por diferentes nomes, de acordo com a sua função. Nadikás são pequenas nádis, e nádichakras são pequenos orgãos, tal como as glândulas ou gângleos, e os plexos nos 3 corpos: denso, subtil, e causal.

É mencionado na Varahopanishád (V, 54 – 55) que as nádis penetram o corpo desde a sola dos pés até à coroa na cabeça. Nestas flui o prána, o sopro vital, e no prána reside o Átma (Ser), que é por sua vez a residência da Shakti, a matrix criadora dos mundos animado e inanimado.
Todas as nádis originam num dos 2 centros: o coração, e o ventre. 12 dígitos acima do ânus e dos orgãos genitais, logo abaixo do umbigo, encontra-se um bolbo luminoso em forma de ovo chamado de kanda sthala. A partir do Kanda, 72000 nádis espalham-se através do corpo, cada uma destas ramifica-se noutras 72000. Movem-se em todas as direcções e cada uma destas tem uma função específica. A Shivá Samhita menciona 350000 nádis, das quais 14 são mencionadas como sendo as mais importantes. Destas 14 destacamos as 3 mais vitais, e essas são sushúmna, idá e pingalá. O sushúmna, que flui pelo centro da coluna vertebral, é bifurcado na raíz e conclui na coroa na cabeça, no lótus de mil pétalas (sahásrara). Este é chamado de suporte do universo, vishvadharini, brahmanádi, o leito de Brahma, ou a abertura de Brahma, Brahmarandhra. A sua natureza é sattvica, iluminada, brilhante. Diz-se que quando o prána flui no sushúmna, o tempo (ou a noção de) é engolido.
A energia que passa através de idá, pingalá, e sushúmna é chamada de bindu, literalmente um ponto constituído sem qualquer parte ou magnitude. Estas 3 nádis representam categoricamente a nádi lunar, a nádi solar, e a nádi de fogo. Antes do termo kundaliní ter entrado em voga, agni (fogo) era o termo usado para representar o poder divino que purifica e ascende tal como o fogo. Através da disciplina do Yoga, a serpente de energia (kundalini) que se encontra adormecida no kanda, na base da coluna, é forçada a despertar e ascender, tal e qual como o vapor, através do sushúmna, em direcção ao sahasrára. Quando a energia criativa (shakti) da kundalini é desperta, idá e pingalá fundem-se no sushúmna (Shiva Samhita, V:3).

Chakra significa roda, anel, centro. Chakras são rodas voadoras, irradiando energia, localizados em centros vitais ao longo da coluna vertebral, ligando as nádis aos variados koshas (camadas). Tal como uma antena capta um sinal de rádio e o transforma em som e música através de um aparelho de rádio, os chakras captam vibrações cósmicas e distribuem-nas pelo corpo através das nádis. O corpo reúne em si todo o universo, um microcosmos dentro do macrocosmos, aos níveis denso, subtil, e espiritual. De acordo com os textos de Yoga, outras duas energias muito importantes que pervadem o corpo são a energia solar que irradia no corpo através da nádi pingalá, e a energia lunar, que flui no corpo através de idá nádi. Quando estas duas nádis se entrecruzam entre si, formam os chakras ao longo do sushúmna.

Os principais chakras são: 1. Múladhára chakra – múla (raíz, fonte), ádhára (suporte, elemento vital), situado na pélvis, sobre o ânus; 2. Svádhistána chakra – assento da força vital, situado acima dos orgão sexuais; 3. Manipura chakra – situado na região do umbigo; 4. Anaháta chakra, situado na região cardíaca; 5. Vishuddha chakra – (puro), situado na região da faringe; 6. Ájñà chakra – (comando), situado na região entre as sobrancelhas; 7. Sahasrára chakra – (lótus de mil pétalas), situado na coroa da cabeça.

O múladhára chakra tem como base o elemento terra (prthvi tattva) e o cheiro. É a base da camada de alimento (annamayakosha), conectado com a absorção de comida e a excreção de fezes. Quando este chakra está activo, o praticante atinge firmeza em termos de vitalidade e sublima a sua energia sexual.

O svádhisthana chakra tem como base o elemento água (ap) e o sabor. Quando está activo, o sádhaka fica livre de doenças, e adquire uma saúde vibrante. Não se sentindo cansado, fatigado, este desenvolve uma atitude amigável e compassiva.

O manipura chakra tem como base o elemento fogo (agni) e quando este está activado o praticante obtém a calma mesmo em circunstâncias adversas. O svádhistana e o manipura chakras são o fundamento do pránamayakosha (camada sutil, energética).

O anahata chakra tem por base o elemento air (vayu) e o toque. Fica situado na região do coração físico e espiritual. Representa o corpo psicológico, ou manomayakosha (camada mental). Quando activo, fortalece o coração, desenvolve a adoração/devoçaõ (bhakti), e conhecimento (jñana). Estes libertam o sadhaka do prazer sensual e encaminham para a via da espiritualidade.

O vishuddha chakra, na região da garganta, topo do peito, e base do pescoço, é regido pelo elemento éter (akásh). Representa o corpo intelectual (vijñanamayakosha). Quando activo, o praticante desenvolve grande poder de compreensão, ele torna-se intelectualmente alerta, o seu discurso torna-se distinto, claro e fluente.

O ájñá chakra representa o assento do anandamayakosha, a camada emocional. Quando activo, o praticante desenvolve controle perfeito sobre o corpo e desenvolve a sua aura espiritual.

O sahasrára chakra é o assento do Ser Supremo (Parabhraman) ao final do brahmanádi ou sushúmna. Quando activo, o sadhaka torna-se um siddha, uma alma emancipada, um sábio.

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